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Texto: Paula Nunes

Fotos: ISTOCKPHOTO

Edição 84 SET/OUT| Download.

Abidjan – Entre o apelo da modernidade e a preservação da cultura

 

À chegada a Abidjan somos recebidos pelo calor que, aliado à extrema humidade, nos garante que acabamos de aterrar num destino tropical. Um argumento que promete levar muitos turistas à Costa do Marfim, um país que começa agora a despertar a atenção de viajantes e aventureiros. Longe dos habituais roteiros turísticos, a Costa do Marfim encerra nas suas fronteiras atracções únicas, pouco exploradas, das florestas tropicais às praias selvagens onde a tranquilidade é garantida pelas cortinas de palmeiras que as separam do resto do mundo – e a temperatura média da água do mar ronda os 27º.

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Com uma população estimada em mais de cinco milhões de habitantes, Babi, como lhe chamam, é uma grande metrópole africana, uma das cidades mais modernas da África Ocidental, semeada sobre as ilhas e ilhéus que decoram as margens da grande Lagoa Ebrié e dos pequenos lagos que a acompanham no mapa improvável da cidade que se desenvolveu sobretudo após a Independência, em 1960, estendendo-se continente dentro. Ligados por pontes e transportes fluviais –a forma mais singular de viajar sobre as águas tranquilas – os vários municípios da cidade, que nos últimos anos tem conhecido uma série de obras de recuperação, escondem segredos a desvendar entre o traçado urbano ou nos seus arredores.

Casa de seis dezenas de grupos-étnicos diferentes, a Costa do Marfim respeita as suas tradições.

Partimos à descoberta na península do Plateau, o centro financeiro que impressiona pela sua arquitectura, seja dos arranha-céus, da Catedral de São Paulo ou da Grande Mesquita, dois templos que acabam por reflectir o espírito da cidade, habitada por cristãos, muçulmanos e animistas, que convivem entre si, mantendo a sua identidade cultural. Casa de seis dezenas de grupos-étnicos diferentes, a Costa do Marfim respeita as suas tradições e hábitos, que revela no Museu das Civilizações, cujo acervo nos fala de história, folclore, arte, música ou artesanato, ajudando a compreender melhor o país.

A unificar esta variedade étnica, está uma verdadeira paixão nacional: o futebol.

A unificar esta variedade étnica, está uma verdadeira paixão nacional: o futebol. A pátria dos heróis dos relvados Didier Drogba, Yaya Touré e Youssouf Fofana vibra com a sua selecção, cuja “casa” não poderia ter outra localização senão na zona nobre da principal cidade. E o que acontece no Estádio Felix Houphouet-Boigny é acompanhado em directo por toda a população onde quer que exista uma televisão ou um rádio, e em dias de jogo o ambiente festivo e de antecipação sente-se em todas as ruas e ruelas.

Não falhamos a selecta zona residencial de Cocody, zona de embaixadas e de modernas lojas e boutiques de criadores nacionais, de vestuário ao mobiliário, mas com o pensamento nas galerias de arte e lojas de artesanato onde procuramos recordações genuínas. O mesmo artesanato que justifica uma visita a Treicheville, onde “as ruas não têm nome”, sendo antes numeradas e onde descobrimos, além de lojas do famoso chocolate nacional, a exótica Ilha Flutuante, um espaço construído a partir de lixo numa ideia original que sensibiliza para o problema da poluição.

Apontam-nos o Palácio da Cultura, o que imediatamente nos remete para o MASA (Mercado das Artes do Espectáculo de Abidjan), festival criado para promover o desenvolvimento cultural para as artes performativas africanas e o maior do género em todo o continente, que enche a cidade de vida e arte. Será o mais destacado evento de uma cidade que se habituou a receber outros festivais, como o FESNACI, (Festival National do Cinema Marfinense), o Festival World Music de Abidjan, ou os mais modernos FEJA (Festival de Electrónica e Jogos de Vídeo), uma plataforma para o desenvolvimento da indústria dos videojogos em África, ou o Africa Web Festival, que reúne personalidades para reflectirem sobre os destinos do continente num mundo cada vez mais digital.

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