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Texto: Elton Pila

Foto: Júlio Marcos

Edição 82 JAN/FEV| Download.

Jesse Jane e a arte de explorar formas

Aos 7 anos, rabiscos e desenhos anunciavam uma mão nascida para os quadros. Samate Mulungo abriu-lhe a porta para um mundo de cores animadas para fazer pensar. Jesse Jane já conta com duas exposições individuais – ‘Mares’ e ‘‘Fragmentos do Passado’’ – e várias colectivas. Sempre em metamorfose constante, a propor novas formas, como quem explora as fronteiras sempre porosas da arte.

Quando é que Jessina Jane começa a ser Jesse Jane?

Depois de descobrir que queria a pintura como profissão. Logo no início, nos primeiros quadros na tela. Antes, só pintava e desenhava em folhas.

Algumas vezes, são pincéis. Outras, elementos do quotidiano como pregos/parafusos que compõe para fazer um quadro. Isto significa a busca de um estilo?

Para mim, a arte é vasta. Podemos usar todos os instrumentos que temos a volta. E é isso que torna a arte ilimitada. Descobrir novas técnicas, novas maneiras de fazer arte é uma das missões do artista.

O abstracto, que parece ser o que mais explora, há-de ser uma forma de fugir e fazer fugir da realidade concreta?

O abstracto é uma forma de tentar abrir uma porta para a imaginação de quem vê uma obra minha.  É para abrir um espaço maior de interpretação a quem vê. Automaticamente, cria uma sensação de descoberta de alguma coisa.

Na colectiva ‘‘Regresso’’, que está patente na galeria do X-hub, as suas obras parecem explorar padrões, vários no mesmo quadro.

Descubro a cada pintura, que é possível misturar várias técnicas numa obra, afinal a arte não é limitada. E é esse caminho que fiz para a exposição.

Sinto-lhe uma obsessão pela geometria. Mesmo quando pinta figuras humanas.  De onde chega esta obsessão?

Sempre gostei de geometria. Os meus primeiros trabalhos na folha foram formas geométricas. Inspiro-me muito no que tenho ao redor. Tudo que está a nossa volta é geometria, não há como não ter como referência.

Muitas vezes, é chamada a fazer pinturas ao vivo. Como é mostrar o nascimento de uma obra?

As pinturas ao vivo foi uma ideia própria. Para além de ser uma das ramificações da actividade artística, é também uma ligação entre mim e o público que tem a oportunidade de ver o meu processo criativo, esta grande curiosidade para quem não trabalha com arte.

A ‘‘The Arts and Scents Hub’’, que fundou em 2021, é uma forma de democratizar o acesso a arte?

É uma forma de independência, foi um espaço onde vendíamos por conta própria, a arte que fazemos. É muito importante quando os artistas se unem para um único propósito, fazer arte e mostrar que é possível lutar por ela e pela cultura moçambicana. E o mais importante é que temos artistas incríveis, não há como dar errado.

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