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Texto: Hermenegildo Langa

Foto: Júlio Marcos

Edição 82 JAN/FEV| Download.

PME moçambicanas desafiadas a apostarem nos serviços de seguros

Queremos estabelecer um network para permitir que Pequenas e Médias Empresas (PME) locais construam primeiro uma mentalidade de segurança”, frisou o antigo director-geral da LAM, sublinhando a necessidade de adoptar uma postura observadora.

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O então director-geral da empresa Linhas Aéreas de Moçambique (LAM) defendeu, durante a II edição das Conferências Índico que todas empresas, desde pequenas a grandes, devem ter as suas actividades e pessoal assegurado por forma a se incutir uma mentalidade de segurança no mercado moçambicano.

Num encontro que juntou diferentes players de seguro, banca e do sector industrial, para debater o tema sobre “Mercado de Seguros em Moçambique: Acertar o passo dos Mega-Projectos”, Pó Jorge enalteceu aos organizadores, neste caso, a Revista Índico pela escolha do tema, realçando que à questão de seguros deve ser dada primazia em todas actividades económicas por forma a capitalizar o sector no país.

A fonte acrescentou que, para esta aposta nos serviços de seguro, a banca deve desempenhar um papel muito importante, pois “o capital da nossa economia, não tem

volume e robustez suficientes. Por isso, “para embarcar em certos projectos (mega-projectos), podemos ir buscar na banca ou através de resseguros”.

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“Empresas moçambicanas enfrentam problemas que dificultam o seu acesso a crédito” – Ragendra de Sousa

O ex-ministro da Indústria e Comércio, Ragendra de Sousa, disse durante a segunda edição das Conferências Índico que várias empresas moçambicanas, entre elas Pequenas e Médias Empresas (PME) e seguradoras estão expostas a vários riscos (covariância de riscos), facto que dificulta o acesso a linha de crédito para a sua entrada nos mega-projectos.

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Segundo Ragendra de Sousa, apesar da contribuição da indústria seguradora moçambicana no Produto Interno Bruto (PIB) ser encorajadora, o sector é ainda no seu conjunto, muito pequeno para engrenar nos grandes projectos.

“Temos uma indústria de seguros no seu conjunto, muito pequena, mas que tem que sobreviver e tem de atravessar este mundo de desenvolvimento para que, de facto, possamos ter um PIB maior. Estas e outras coisas são necessárias para explicar a participação do nosso seguro nos mega-projectos. Mas, um dos grandes travões do seguro moçambicano tem a ver com a covariância de risco”, explicou o ex-governante.

De Sousa acrescentou, na mesma ocasião, que a maior parte das empresas nacionais não apresentam uma estrutura de investimento diversificado, o que propicia a sua exposição a vários riscos.

Governo desafia empresas moçambicanas a tratar dos seguros dos mega-projectos

O Governo moçambicano considera haver necessidade de uma maior participação das empresas nacionais de seguros nos mega-projectos em curso no país. A posição foi defendida pelo Secretário-Permanente do Ministério dos Transportes e Comunicações, Ambrósio Sitoe na abertura da segunda edição das Conferências Índico, sob o tema: “Mercado de Seguros em Moçambique: Acertar o passo dos Mega-Projectos”

Segundo o governante, a entrada massiva de grande capital no país através de projectos ligados à indústria extractiva abre-se uma oportunidade para o crescimento da actividade de seguros em Moçambique.

Num encontro que juntou vários especialistas, Ambrósio Sitoe explicou que embora a indústria de seguros em Moçambique apresente certa evolução, há necessidade de começar a apostar nos grandes projectos por forma a capitalizar o seu crescimento.

Desafiamos os presentes para apresentarem soluções práticas sobre a maior participação das seguradoras nacionais nos grandes projectos que o país tem vindo a implementar”, realçou o governante.

Ambrósio Sitoe acrescentou também que é preciso fazer o mapeamento das acções a realizar para a integração das seguradoras que actuam em Moçambique no desenvolvimento da indústria extractiva visto que a sua contribuição no Produto Interno Bruto (PIB) é encorajadora, mas a sua penetração é ainda muito baixa”.

Mega-projectos: Empresas moçambicanas defendem criação de mecanismos acessíveis e inclusivos

A participação das empresas moçambicanas nos mega-projectos continua a ser ainda um grande desafio apesar destes representarem uma oportunidade para alavancar as PME nacionais. Entre os principais obstáculos encontrados destacam-se, o excesso dos requisitos exigidos pelas multinacionais assim como os altos custos de seguros junto à banca para as empresas.

Falando no evento, Paulo Chiabanga, membro do Conselho Directivo da Associação Industrial de Moçambique – AIMO, começou por defender que o mercado precisa buscar soluções que possibilitem preços mais acessíveis, permitindo que um número maior de empresas moçambicanas tenha acesso a coberturas adequadas.

“É essencial que sejam criados mecanismos que facilitem a obtenção de seguro por meio das instituições bancárias, tornando o processo mais inclusivo e simplificado”, recomendou Chiabanga, salientando que a disponibilidade de linhas de seguros nas instituições bancárias é vista como um factor limitante para o acesso das PME ao mercado de seguros.

A  este respeito, o director comercial da Empresa Moçambicana de Seguros (Emose), Isaias Chembeze, sublinhou que a estratégia das seguradoras, deve buscar uma base sólida, com ênfase na alfabetização, literacia financeira, segurança e percepção, antes de avançar para projectos de maior envergadura.

“O principal foco das seguradoras neste momento não deve ser apenas entrar nos mega-projectos, mas sim consolidar-se como uma empresa robusta capaz de enfrentar os riscos apresentados por multinacionais em suas actividades”, destacou o responsável.

Para Isaias Chembeze, uma entrada estruturada das seguradoras moçambicanas no mercado dos mega-projectos que consiste em abordar o mercado nacional de forma segmentada, concentrando-se em fatias específicas, nomeadamente em seguros domésticos, como automóveis, acidentes de trabalho e funerais, pode ser solução perante aos desafios que se enfrenta.

Contudo, para Miguel Jóia, membro fundador da Associação de Conteúdo Local de Moçambique – ACLM, destacou no evento, a necessidade de uma abordagem estratégica para envolver as seguradoras nos mega-projectos do país. A fonte sublinhou que, além das soluções existentes para esses grandes empreendimentos, há também uma lacuna significativa no apoio às PME.

“O mercado precisa buscar soluções que possibilitem preços mais acessíveis” – Paulo Chibanga

“As seguradoras nacionais têm desempenhado um papel crucial nos mega-projectos, mas a falta de proximidade e compreensão das PME sobre os benefícios dos seguros representa um desafio”, realçou o especialista, tendo destacado a importância da educação financeira e capacitação para aumentar a literacia em seguros entre os empresários locais.

Entretanto, Miguel Jóia sugeriu que o sector privado e o Governo devem colaborar mais para capacitar os empresários sobre os instrumentos disponíveis.

Por sua vez, o pesquisador do Centro de Integridade Pública (CIP), Rui Mate, enfatiza que a questão do conteúdo local tem sido um grande desafio que o País enfrenta desde que surgiram os mega-projectos, pois “em relação às leis de minas e petróleo colocam de certa forma umas directrizes para incorporação das empresas nacional nos grandes projectos, no entanto essa legislação é ainda insuficiente para garantir um envolvimento mais efectivo das PME moçambicanas nos grande projectos”.

O pesquisador entende que devia existir uma lei específica de conteúdo local que pudesse garantir que as empresas nacionais possam participar de forma efectiva nos mega-projectos.

O Instituto de Supervisão de Seguros em Moçambique (ISSM), como entidade reguladora do mercado, disse na ocasião, que sempre protegeu o mercado nacional. “Na legislação temos opções de abraçar estes tipo de desafios (mega-projectos), colocando uma percentagem localmente por forma que as seguradoras nacionais consigam alcançar uma robustez financeira, ou seja, qualquer seguradora estrangeira que queira entrar no país, sobretudo nos mega-projectos é obrigada a fazer uma comparticipação com as nacionais”,

Entretanto, para Diogo Bragança, director central de operações do Banco Comercial e de Investimentos (BCI), as seguradoras são penalizadas pela necessidade de possuir capitais próprios para fazer face aos mega-projectos, algo que não acontece com a banca. “Ao nível da banca, estamos totalmente preparados para servir e atender qualquer segmento do mercado”, finalisou Bragança.

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