Monumento aos mortos da Primeira Guerra Mundial – A estátua da memória e da lenda
Falar da Praça dos Trabalhadores, na baixa da cidade de Maputo, é como mergulhar no realismo mágico dos clássicos latino-americanos. Como Santiago Nasar, Crónica de uma morte anunciada, que se levantou às cinco e meia da manhã para um dia em que ia ser morto à vista e ao conhecimento de todos, menos dele; ou A triste história de Barcolino, o homem que não sabia morrer, cá por terras moçambicanas.
No centro da Praça dos Trabalhadores, está uma estátua imponente com uma mulher que compete com as alturas dos prédios à volta e disputa atenção com a Estação Central dos Caminhos de Ferro de Moçambique, várias vezes apontada como uma das mais belas do mundo.
Reza a história oficial que a estátua é um Monumento aos Mortos da Primeira Guerra Mundial e foi feita pelo escultor Ruy Roque Gameiro em colaboração com o arquitecto Veloso Reis e foi inaugurada em 1935. Constitui uma homenagem aos portugueses e moçambicanos mortos na Primeira Guerra Mundial.
Mas o povo conta e acredita numa outra história (estória). Aquela é a “Mulher da Cobra” ou “Mulher Cobra” o que é sempre de uma interpretação intuitiva nas línguas tsongas “Mamana Wa Nyoka”. O povo acredita que o monumento foi erguido para honrar e homenagear uma mulher valente que conseguiu matar uma cobra com uma papa quente que levava numa panela de barro à cabeça. Convenhamos, essa história roça o realismo mágico e daria um romance best-seller, mas ainda ninguém que não se chama “povo” o escreveu.
Edição 80 Jul/Ago/ Set| Download.
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