Daniel Genovese – “Kitesurf é uma espécie de terapia”
Em 2012, o italiano Daniel Genovese decidiu que queria conhecer e viver num país que não pertencesse ao norte de África e que oferecesse, ao mesmo tempo, condições climáticas e praias favoráveis para a prática de kitesurf. A pesquisa que encomendou apontou para Moçambique. Não pensou duas vezes, arrumou as suas malas, saiu de Bergamo, deixou a família e aterrou no Aeroporto Internacional de Maputo.
Ficou dois meses a pesquisar o mercado. Explorou as potencialidades para kitesurf, estudou o turismo, conheceu as praias da Costa do Sol, Macaneta e Ponta de Ouro e decidiu ficar, com o sonho de massificar a modalidade.
Fundou Moz Kitesurfing, escola que forma crianças, adolescentes e jovens desfavorecidos, canalizando energia e uma parte de lucro para a área social. O ânimo é grande e já conta com muitos praticantes, todos com o sonho de se tornarem profissionais de kitesurf.
Para garantir uma melhor inserção, sobretudo nos bairros suburbanos da capital do país, onde tem mais alunos, Daniel foi corajoso e audacioso. Primeiro fez com que os petizes que frequentam as praias se apaixonassem pela modalidade, depois foi ter com os pais para pedir o seu aval para que os filhos praticassem e proceder com a sua respectiva inscrição como alunos da sua escola.
O padrão do Moz Kitesurfing é a qualidade e segurança, sem ser incómodo aos banhistas.
No projecto que está a ser materializado pelo italiano, a educação sobre valores humanitários é prioridade, a começar com a ideia de que é preciso ter disciplina para ser vencedor no desporto. “Depois vem a honestidade. Os alunos aprendem a fazer o seu trabalho e ganhar apenas por isso. Sem exigir gorjetas, sem subornos e sem esquemas, porque essa é a alma do desportista. A integridade é muito importante, a nossa preocupação não é ter uma pessoa a praticar kitesurf apenas, queremos um Homem digno”.
A metodologia de ensino é simples: ensinar tudo ao aluno para que se torne autónomo a ponto de começar a sonhar em criar seus próprios projectos como a criação de escolas de kitesurf noutros cantos do país.
O projecto precisa garantir sustentabilidade. Também por isso Daniel aposta na prestação de serviços aos turistas que visitam Moçambique e que praticam kitesurf. Para ele, o padrão é a qualidade e segurança, sem ser incómodo aos banhistas.
Antes da pandemia, Daniel já vinha trabalhando na ideia de formação de uma equipa competitiva de kitesurf. Com a trégua que o novo coronavírus deu, o homem coloca a mão na massa novamente rumo à materialização da iniciativa. O italiano entende que praticar kitesurf tem muitos benefícios: “Gosto de explorar as diversas potencialidades do kitesurf. Já trabalhei com um grupo de meninos autistas e o resultado foi surpreendente. Vezes há que pessoas tímidas também aparecem e conseguimos ver como esta modalidade liberta. Kitesurf é uma espécie de terapia”.
Edição 79 Maio/Junho| Download.
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