Texto: Magda Arvelos
Foto: Júlio Marcos
Edição 78 Março/Abril| Download.
Anabela Cossa – Quando o talento faz nascer a paixão
As histórias de sucesso começam de várias formas, algumas até por mero acaso. E foi assim, por acaso, que Anabela Adriano Cossa descobriu o basquetebol, desporto que a consagrou como um dos grandes nomes a nível nacional. Apaixonada por futebol desde pequena, foi graças à irmã Alice, que a levou a assistir a um dos seus treinos, que surgiu o primeiro contacto com o basquete. “O treinador deu-me uma bola para que eu pudesse brincar e, nesse instante, ele viu alguma coisa em mim.”
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Apesar do talento recém-descoberto, Anabela recusou-se a abandonar a paixão que nutria pelo desporto-rei, e que foi alimentada pelo irmão mais velho, que também a levava a assistir aos seus treinos e jogos. Mas porque o que tem de ser, inevitavelmente, o será, cedeu a insistência de Carlos Namutapia, o treinador da irmã, que acabou por convencer os seus pais de que a quadra de basquetebol era o seu lugar. A única condição era que ela continuasse dedicada aos estudos. O resto, como se diz, é história!
Hoje, aos 36 anos, a basquetebolista formada em Gestão de Empresas e que trabalha como Funcionária Pública, é dona de um invejável percurso que inclui a participação em diversos campeonatos e alguns prémios. Actualmente a vestir o verde e branco do Clube Ferroviário de Maputo, Anabela afirma que os seus planos, para já, são continuar a dar o seu contributo para alcançar os objectivos do colectivo, mas também os seus individuais, tanto a nível nacional quanto internacional.
Com uma longa carreira de onde retira um sem-fim de memórias, a atleta recorda com prazer a primeira viagem enquanto jogadora. “Era a primeira vez que viajava sem que fosse em família, era tudo novo. Eu tinha os meus 16 anitos, era a primeira vez que andava de avião… Tive que dividir o quarto com miúdas da mesma idade que antes via como adversárias. Competir com outros países… Conhecer Cabo Verde… para mim era tudo um sonho.”
Por falar em sonho, o de Anabela acabou por se realizar da forma mais natural. Fã incondicional de Deolinda Ngulela desde que, aos 16 anos, viu a atleta no pavilhão da UEM enquanto treinava para a selecção sub-16, acabou por tê-la na sua vida! “A minha paixão por ela aumentou ainda mais quando a vi jogar para a selecção em 2003, cá em Maputo. Anos depois, realizei o sonho de tê-la como colega no clube e na selecção, e hoje ela é minha treinadora da selecção.” Melhor do que isto é impossível!
Dividida entre o basquetebol, a Função Pública e a família, Anabela defende que quando se faz com amor, tudo se torna mais fácil, e acredita que para triunfar é preciso mais do que talento. “Eu parto do princípio que, tal como em tudo na vida, a pessoa deve ser dedicada, ter paixão pelo que faz, disciplina, competência, humildade, entrega e ser competitivo.”
Feliz pelo apoio incondicional que sempre recebeu do público, Anabela lamenta que a saúde deste desporto não seja das melhores no país. Mas, apesar dos desafios, Anabela segue apaixonada pelo basquetebol e deixa, inclusive, uma mensagem às meninas que queiram trilhar pelo mesmo caminho: “Divirtam-se, pois para mim o basquete é e será sempre alegria e paixão. Empenhem-se nos treinos, tenham disciplina, foco e respeito. Nunca deixem de estudar, pois a escola também contribui bastante para o nosso sucesso.”
▶ Participações em Campeonatos e Prémios:
2002: Primeira convocatória para a Selecção, em Cabo Verde, com 16 anos. Resultado: 2 lugar
2004: Primeiro Campeonato Nacional na alta competição, pelo Desportivo de Maputo
2006: Campeonato Africano de sub-20, em Maputo. Resultado: 2 lugar
2007 e 2008: Sagrou-se Campeã Africana de Clubes pelo Desportivo
2012: Sagrou-se Campeã Africana de Clubes pela Liga Desportiva
2013: Participação no Campeonato Africano, em Maputo; Apuramento de Moçambique, pela primeira vez, ao Mundial de Basquetebol
2018: Sagrou-se Campeã Africana pelo Ferroviário
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