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Texto: Eduardo Quive

Foto: Yassmin Forte

Edição 78 Março/Abril| Download.

Matéria-Prima – Formar para arte

Marta Botelho e Filipa Botelho não só partilham o mesmo apelido, navegam juntas no sonho que permitiu criar a Matéria-Prima, marca com que se posicionam na oferta de oficinas criativas que abrem novos horizontes a entusiastas e colocam artistas profissionais e artesãos a rentabilizar o que sabem fazer.

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Em 2018, numa oportunidade anunciada para ocupar um dos espaços do Centro Cultural Franco-Moçambicano, em Maputo, as duas amigas, agora sócias, decidiram criar e instalar a Matéria-Prima, para estarem ao serviço do sector criativo, com destaque para realizações regulares de oficinas que exploram o fazer artístico nas mais diversas formas, pintura, desenho, artesanato variado, escultura, corte e costura e até… culinária.

As duas empreendedoras, de profissões distintas, Marta Botelho arquitecta e Filipa Botelho designer, procuram com a Matéria-Prima explorar a versatilidade e a expansividade da arte e da necessidade de criar, também como forma de inverter a tendência ao tédio que os dias corridos da vida urbana tem nos submetido cada vez mais.

“Há públicos com vários interesses. Temos pessoas que procuram os cursos por pura curiosidade, à procura de quebrar rotinas e de algo interessante para aprender e fazer. E temos os que vêm porque querem desenvolver mais as suas capacidades artísticas”, explica Marta Botelho, que assume as tarefas mais administrativas do empreendimento.

E a pensar numa abertura para que públicos com diferentes interesses se beneficiem, há que destacar aqueles que encontram nas oficinas o impulso que faltava para uma aposta a sério no negócio da arte ou a sua profissionalização. O foco é fazer uma oferta de cursos que interajam no factor de aprendizagem e lazer e as necessidades técnicas, cruciais para quem pretende seguir na área criativa.

“Tentamos, muitas vezes, fazer o complemento entre a parte artística e o desenvolvimento pessoal”, conclui Filipa.

A Matéria-Prima tem significado também oportunidade para artistas que podem ver diversificada a forma de rentabilizar o seu talento e experiência.

Nos difíceis e mais altos momentos da pandemia da Covid-19, chegaram a encerrar as actividades de oficinas, por restrições próprias do momento. Mas a retoma, em Outubro de 2022, foi a todo gás, e já lá vão mais de 15 oficinas realizadas com participação de mais de 100 alunos, entre adultos e crianças.

A diversidade de práticas destas oficinas segue um caminho de proporcionar experiências e de aproximar mais os artistas e artesãos dos alunos. Exemplo disso são as oficinas itinerantes, que consiste em associar as aulas no espaço da Matéria-Prima ao local onde o artista aplica o seu processo criativo.

“Já fizemos isso com as oleiras de Mutamba em parceria com uma outra artista que trabalha com cerâmica que já tinha tido um projecto com elas. A ideia era conhecer o caminho do barro, ver as várias etapas desse trabalho e o fabrico de olarias nessa zona de Inhambane.” Mais recentemente, a experiência com o escultor Mapfara que, à margem da sua exposição Humanimalidade, realizou uma oficina onde os participantes foram ver de perto a sua oficina de trabalho.

“Isso é interessante para nós e para os participantes. Permite conhecer a realidade para além do espaço confortável das galerias. Muitas vezes o ambiente em que os artistas trabalham é muito diferente. E acho que valoriza muito o trabalho dos artistas.”

O plano imediato da Matéria-Prima passa por abrir mais espaço para participantes na sua oferta de capacitações e oficinas. A introdução de oficinas para bebés e ampliar a oferta para as crianças, passando a abrir espaço para as idades entre os dois e os cinco anos, para além do que já existe, na faixa etária dos seis aos doze anos. E, garantem Marta e Filipa, há espaço para sonhar mais alto e, sobretudo, tornar o negócio da arte mais rentável e proporcionar experiências ao público.

▶ Destaques

A diversidade de práticas destas oficinas segue um caminho de proporcionar experiências e de aproximar mais os artistas e artesãos dos alunos.

“Há públicos com vários interesses. Temos pessoas que procuram os cursos por pura curiosidade, à procura de quebrar rotinas e de algo interessante para aprender e fazer. E temos os que vêm porque querem desenvolver mais as suas capacidades artísticas”, explica Marta Botelho.

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