Menu & Search

Texto: Elton Pila

Foto: Júlio Marcos

Edição 78 Março/Abril| Download.

GÉSSICA STAGNO – Uma expedição de cor

Começou a pintar para livrar-se dos dias cinzentos da depressão. Uma tentativa de imergir para um mundo colorido. Talvez isto explique muito dos tons que lhe marcam os quadros. “A linguagem das conexões emocionais”, patente na 16Neto, é a primeira mostra de Géssica Stagno em nome próprio. Good vibe painting, como nada visto antes.

Publicidade

▶ Como é que chega a esta exposição?

Desde 2021, tenho estado nessa busca de me conectar com o “meu eu”, porque de certa forma me perdi um pouco no caminho em que eu estava a seguir. Então, foi um ano de descobrimento, de olhar muito para o interior, olhar para mim e ver como quero continuar a viver. E descobri que para poder me conectar com tudo a volta – até com Deus – é preciso estar em comunhão comigo mesma, então acho que as obras também mostram um pouco disso. Eu acredito nessa conexão que nós temos com tudo a volta, com a natureza, os animais, com os nossos antepassados, eu acredito que tudo está conectado.

▶ A exposição é uma expedição de cor, com as mãos como personagens. Como foi o processo da escolha dos signos?

Eu gosto muito de cores. É complicado que responda qual é a minha cor preferida. As cores são linguagem, emoção. Para isso, eu tive que fazer uma pesquisa para saber a emoção de cada cor e depois como eu me relaciono com estas cores. Faço arte abstracta, então eu gosto de misturar esse abstracto com o intuitivo.

A mão é um dos membros mais importantes do corpo, sentimos, tocamos, acredito que expressamos sentimentos através de toques, trocamos energia através de toque. Então, como não queria fazer uma coisa parecida com o já existente, escolhi as mãos.

▶ Vendo as obras, talvez ninguém descortine que começou a pintar para escapar de uma depressão.

A arte é essa terapia. Então, por mais que esteja triste, tento mudar aquele sentimento e pintar uma coisa diferente daquilo que estou a sentir. Não sei explicar bem, mas a maioria das vezes ou todas as vezes é propositado, é isso que quero transmitir. Ajuda-me a digerir o que estou a sentir, porque através de palavras não consigo expressar, e encontrei a pintura como mecanismo de me expressar.

▶ Colocar as emoções em quadros pode ser visto como viver os sentimentos em voz alta. É confortável?

É confortável e não é confortável. Acredito que é uma coisa que outras pessoas estejam a passar ou já passaram ou vão passar, então acho que vale a pena por aí.

▶ Inaugura, com esta exposição, um novo caminho. Nada dentro das correntes que tem marcado as salas de exposições.

A minha cena é sempre ser diferente. Num Museu, com vários artistas, não quero ser o tipo de artista que não se identifica facilmente, que se confunda a minha arte com a de outras pessoas. Estou a experimentar vertentes. Eu faço arte intuitiva e vou continuar porque é como me identifico.

▶ Este é o projecto de artista?

Não sei. Esta é a primeira exposição que estou a fazer a solo. Na verdade, o que eu quero ser é uma artista que faz diferente, que inspira pessoas de uma maneira positiva e para mim isso já basta.

Edição 78 Março/Abril| Download.

0 Comments

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.