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Texto: Elton Pila

Foto: Ildefonso Colaço

Edição 77 Jan/Fev| Download.

Silvana Pombal – “Não existiria sem o palco”

Uma actriz que se fez em palco. Mas tornou-se num rosto a “preencher” telas. Vemo-la a encarnar N’teasse em “Nhinguitimo” e Yara Tivane em “Maida”. Mas o palco é ainda o lugar onde quer pertencer.

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Começa a experimentar a televisão, depois do cinema, com “Nhinguitimo” de Licínio de Azevedo. Um segundo acto da carreira ou um caminho natural?

É a ‘’evolução’’ que se espera de alguém que se dedica à actuação. Mas abraço essas aventuras como um novo capítulo da minha carreira resultante de uma crise, dado o facto de que a minha transição para televisão deu-se em 2020 em que vivíamos a COVID-19. 

▶ Voltará sempre para o palco?

É la onde sempre quis pertencer, não existiria sem ele. Preciso dele para ser mais ouvida.

▶ As actrizes de teatro sempre olham com desconfiança para a televisão. Como foi esta transição?

O primeiro convite chegou-me pela Hermelinda Simela e ela estava tanto presente no teatro como no cinema, o que me trouxe segurança. Felizmente, os projectos televisivos que passei, de alguma maneira, se cruzam com os meus objectivos de carreira. Confesso que tive receio de não me encaixar. Nas telas, tudo atrai muita atenção tanto positiva como negativa. Mas, agora, assumo como um laboratório, não temos escolas profissionalizantes de actuação para TV, então em cada acção amadureço. Quero mais aprender do que aparecer. Os holofotes assustam-me, tem que ter peito para aguentar.

▶ É parte de uma safra que apostou na formação para fazer teatro, quando estávamos habituados a actores e actrizes que se fizeram no trabalho diário.

Aprendemos muito com os actores ‘’que se fizeram no trabalho diário’’, conhecem o circuito e sabem como sobreviver nele. Na verdade, há que perceber que viemos como resposta a uma série de necessidades que contribuem para o melhor posicionamento da classe e dar continuidade ao movimento.

▶ Ser actriz é ser múltipla. Onde encontra as vozes para os personagens?

As observações e convivências me permitem fazer uso de memórias de modo a (re)aproveitar e até recriar vidas que tenho que viver ou que até gostaria de viver. Todos nós queremos ser alguma coisa, eu fui muitas coisas e, claro, ainda quero ser. Como canta Lenna Bahule: “eu quero ser som, eu quero ser luz, eu quero ser cor”.

▶ Cresceu a ver longas filas no Cinema Xenon. Foi uma experiência que contribuiu para que decidisse ser actriz?

O Cinema Xenon proporcionou-me momentos ímpares como a fixação do letreiro no topo de uma escada que era movida de um lado para o outro como uma apresentação de malabarismos, a colagem dos cartazes principais dos filmes em exibição, o glamour do red carpet que era estendido nas estreias dos filmes nacionais, o mesmo em que pude ver Will Smith a desfilar. Os beijos no compasso de espera para a hora do filme, as reacções frescas na cara do público ao sair, já me dando a ideia se valia a pena assistir ou não, sempre no lugar de observadora da varanda de casa. Tudo talvez tenha impulsionado a minha habilidade de observação, mas não me lembro de me ver a desfilar naquele tapete vermelho.

▶ DESTAQUES

“Quero mais aprender do que aparecer. Os holofotes assustam-me.”

“Como canta Lenna Bahule: “eu quero ser som, eu quero ser luz, eu quero ser cor”.”

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