SIDIQUE SATACA – The man in the middle
Disciplina é a palavra de ordem para Sidique Sataca, 30 anos, defesa central da União Desportiva de Songo (UDS) desde 2020.
Foi seguindo a disciplina enquanto forma de ser que acatou o conselho do seu pai, Ismel Mussagi, falecido jogador do Maxaquene e também da Selecção Nacional, que Sidique aceitou ser inscrito nas camadas de formação dos tricolores, em 2006, onde o pai trabalhava já como treinador.
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Nascido numa família de futebolistas, sempre teve o apoio do pai e também do seu irmão, Sataca Jr., que actualmente veste as cores do Ferroviário de Maputo. A sua mãe, que sonhava em ver um Sidique talvez médico ou economista, teve de conter os desejos e aceitar o destino.
Nas bases de formação do Maxaquene, Sidique foi experimentando diversas posições, mas, à medida que o tempo avançava, foi compreendendo que não tinha traquejo para ser avançado, um marcador de golos. Era mais incisivo, agressivo e forte para conter as intenções dos adversários. Decidiu então que ia investir seu tempo aperfeiçoando técnicas e habilidades para ser defesa central. E deu certo.
Um ano depois de se iniciar nos tricolores, a escola de formação do clube muda-se para a Matola. Sidique, na busca de alternativas, caiu nas graças de Abel Matusse, antigo caça-talento do Desportivo de Maputo. Foi numa época de glórias para o Desportivo, que tinha nomes como Zainadine, Mexer, Nelinho, Josué, Marcelino. “Jogadores que nos motivavam, viam nossos treinos e davam-nos esperanças”, recorda. Em 2011, passou para os séniores do clube, embora a estreia na equipa principal chegasse um ano depois. O jovem enfrentou o Ferroviário de Nampula, depois de ter entrado a substituir o lateral direito. Sabia que não podia reclamar, até porque na altura os alvi-negros tinham centrais de alto calibre e com larga experiência: Carlos Baúte e Zainadine.
Só ganhou asas com a chegada de Artur Semedo para substituir Matine no comando técnico do Desportivo, em 2012. “Despotivo é o meu clube de coração”, confessa.
Mas, como na vida, os grandes amores não são para sempre. Na época 2017/18, foi jogar para o Ferroviário de Maputo. Na primeira época, sentiu mais o banco de suplentes do que os relvados. Na segunda, jogou mais. Foi vice-campeão do Moçambola. Mas sabia que tinha de voltar ao Desportivo para recuperar a confiança. E foi o que aconteceu até, em 2020, receber a proposta da UDS, onde milita até hoje. “A mudança do clube é algo difícil. Temos de nos habituar a tudo que é novo”, reflecte.
Foi campeão pela UDS, foi vice da Supertaça Mário Coluna, e agora sonha com a Supertaça de Moçambique, em chegar à fase de grupos da Liga dos Campeões Africanos e em competir no CAN, somando já 25 internacionalizações. “Os sonhos demoram, mas com persistência, disciplina, dedicação e amor ao que se faz, a gente chega lá”, considera.
O futebol joga-se com relógio, a carreira é curta e as lesões são fatais. Sidique já teve uma, em 2013, que o deixou fora por cinco meses. “Um nervo ao lado do joelho se esticou. Ali, pensei em desistir do futebol, foi o meu irmão que insistiu que continuasse”, conta-nos.
Já viu o Desportivo a descer de divisão, vê quase sempre os colegas cabisbaixos, no balneário, depois de uma derrota, e ele tem de se manter firme na luta pelos sonhos. Nunca sai da linha, porque sabe que o futebol tem altos e baixos. “Um dia ganhas, outro, perdes. Isto é assim…”.
Edição 77 Jan/Fev| Download.
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