Maputo Street Art – Ver outras narrativas
A torto e a direito nas periferias da cidade de Maputo, marcas de produtos de massas tomam as paredes dos quintais, bares e onde mais der para diluir as cores das suas identidades visuais e dizeres de sedução ao cliente. Ivan Mahumane, cuja assinatura é Afro Ivan, no movimento da Escola de Artes Visuais, como outros colegas, pintou para as agências de publicidade por trás das marcas.
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O seu lado sensível em conversa com o criativo apontaram a sua atenção para paredes nuas da Unidade 7, bairro periférico de Maputo, onde nasceu e cresceu. Pegou nas tintas que tinha e gradualmente foi tatuando as suas obras nos muros e paredes dos guetos, tais qual a pele dos bairros. Nascia, de modo tímido mas ambicioso, Maputo Street Art.
Cores vivas, formas disformes, teor de esperança, arte por arte contam estórias ou não, Kassiano e outros artistas que se juntaram ao movimento, (re)traçam as narrativas e fantasias dos becos da town, tendo já intervindo em mais de oito bairros.
Maputo Street Art, que conta, entre outros, com o artista visual e académico Titos Pelembe, o promissor fotógrafo Idelfonso Colaço (colaborador da revista Índico) ou o actor Phayra Baloi, tem feito visitas guiadas aos murais pintados, o que agrega não apenas aos murais, mas também aos residentes dos bairros, que, igualmente, passam a compreender mais e melhor a relevância daquele trabalho.
Este movimento, se assumimos o artista como um agitador de águas, questiona o estabelecido na compreensão conservadora de espaços para ver e fazer arte e simultaneamente democratiza o acesso à arte ao fazer da periferia, igualmente, uma galeria a céu aberto.
Edição 77 Jan/Fev| Download.
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