Um sonhador chamado Paulo Chibanga
Texto: Eliana Silva
Foto: Mário Cumbana
Edição 77 Jan/Fev| Download.
Quando pensamos na identidade cultural nacional e tentamos escolher alguns fazedores do meio é difícil não identificar Paulo Chibanga, produtor, músico e empresário cultural. Multifacetado, com formação em arquitectura e sempre com a mente aberta, esteve na origem do grupo 340ml, uma das bandas moçambicanas mais icónicas e cult de todos os tempos, descoberta pela Sony Music.
Produtor, músico e empresário cultural, Paulo Chibanga é pioneiro na dinamização da cultura moçambicana.
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As vivências nos circuitos de música, nacionais e internacionais, fizeram-no erguer o certame mais impactante de música no país, o Festival Azgo. Uma plataforma que traz artistas do mundo a Moçambique e eleva os artistas moçambicanos a este lugar de culto. Mas não é apenas música, tem um impacto real na economia cultural, a movimentar cerca de 18 milhões de meticais por edição. Três anos suspensos em consequência da COVID-19, espera-se que regresse neste, enquanto todo um circuito reaprende a caminhar. Um exemplo de resiliência que Chibanga aprendeu em casa. “Acima de tudo, sou apaixonado pela bravura do meu pai, o primeiro engenheiro negro alocado pelo Presidente Samora Machel para o projecto da Barragem de Cahora Bassa. Também sempre ouvi e acompanhei as histórias do meu tio Ricardo Chibanga, não só como grande figura da Tourada, mas também como inspiração para grandes artistas plásticos tais como Salvador Dali e Picasso que fizeram obras inspiradas nele”, afirma.
A verdade é que ele é pioneiro na dinamização da cultura moçambicana. Hoje, o apelidado sector das indústrias criativas está a desenvolver-se a olhos vistos e Chibanga acredita que dará espaço a novos artistas nacionais. “Vejo um sector que, mesmo com as várias nuances, está em constante crescimento e com novas tendências. Depois da COVID-19, tivemos um boom em termos de novas criações e novos artistas nas diversas variantes tais como a música, teatro, filme ou artes plásticas”, disse. Mas anota ainda que existe a necessidade de melhorar a qualidade do produto criativo, com uma melhor preparação a nível de empacotamento, acesso a mercados e a financiamento. “Além disso, acho que se deve apoiar a mobilidade dos criativos para que, pelo menos a nível nacional, os artistas possam viajar e expor os seus projectos”, analisa.
Como forma de responder ao impulso que este sector está a ter, surgiu a X-HUB criativa, uma incubadora de negócios criativos que vem responder exactamente a esta necessidade que os criativos moçambicanos têm de perceber o negócio e a potencialidade da arte e cultura como geradoras de renda e como um factor aglutinador e de coesão social.
Pela plataforma www.azgofestival.com, percebeu que muitos artistas ainda trabalham de forma informal sem agentes, managers e facturação. A partir daí, surgiu a ideia deste espaço que serve como um one stop shop para tudo que são as necessidades pontuais dos criativos, desde a criação, comunicação e imagem. “Sonhei com um espaço que pudéssemos entrar e, tal como no festival, ter todas as soluções num sítio que também criasse a oportunidade para criativos estarem no mesmo sítio”. E os frutos? Com o tempo amadurecem.
▶ Destaque
X-HUB é uma incubadora que promete impactar nos negócios criativos.
Produtor, músico e empresário cultural, Paulo Chibanga é pioneiro na dinamização da cultura moçambicana.
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