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Texto: Hélio Nguane

Foto: Mauro Vombe

Edição 74 Jul/Ago | Download.

GIMO MACHANGUANA – Uma existência dedicada aos números da LAM

A Máquina do Tempo é um aparelho inútil para Gimo Machanguana, que garante que se tivesse a oportunidade reviver o passado tomaria as mesmas decisões, sendo uma delas, se não a mais importante, ser trabalhador das Linhas Aéreas de Moçambique (LAM).

Não sabe se é o destino ou obra do acaso, mas o curso de sua vida mudou quando viu um anúncio de emprego, em 1986. Poderia ter ignorado a informação, pois trabalhava numa instituição ligada a importação e exportação de citrinos, mas candidatou-se a vaga e no ano seguinte ingressou na LAM. Sempre ligado a contabilidade, passou pelo departamento de Acção Social, mas nas Finanças é que firmou-se.

Seus passos já não são os mesmos de outrora, mas os seus dedos não tremem, são precisos, como a sua mente, na hora de fazer cálculos. A idade tem das suas, mas os números não traem e ainda são amigos deste contabilista de formação, que dedicou mais de metade dos seus 59 anos de vida para servir a LAM.

No seu percurso, além de fechar relatórios financeiros, balancetes e outros processos contabilísticos, dedicou-se a prestar assistência a estagiários e aos novos colegas, que lhe tem como modelo de profissional e sujeito social.

Com 35 anos e 4 meses dedicados a Companhia de Bandeira, ultimamente, por questões de saúde, não consegue estar todos os dias úteis na empresa, mas não se ralha, pois a empresa está em si, o vermelho é parte do seus glóbulos.

“Faço fisioterapia, é a idade a pesar”, disse, num tom sereno, enquanto explicava a sua rotina actual.

Com mais tempo para reviver o passado e planear a reforma, aponta que sempre foi uma alegria sair de casa para o trabalho, pois ama o que faz. Essa paixão lhe deu forças para enfrentar os momentos altos e baixos que a empresa viveu ao longo dos anos.

Nas últimas três décadas foram enormes as transformações tecnológicas, que afectaram todos os sectores. A contabilidade, por tabela, também foi afectada. Para crescer profissionalmente e garantir o amanhã para os seus quatro filhos, teve que se adaptar. E o fez sem resistências, mas também, a evolução é incontornável.

Prestes a deixar a calculadora e todas outras ferramentas que lhe auxiliaram ao longo dos anos na LAM, consigo só leva a certeza de missão cumprida. “Sairei triste, pois gosto do trabalho que faço, dos amigos e companheiros de trabalho que cultivei”, concluiu.

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