Nivaldo Thierry – Depois de Moçambique, o mundo
Quando subiu à passarela do Moçambique Fashion Week (MFW), em 2008, estava trémulo e receoso. Mas no ano seguinte, caminhou firme, levou o prémio de melhor Young Design e hoje é uma referência da moda africana e ambiciona os holofotes da moda mundial voltados para si.
Nivaldo Thierry é observador, examina tendências, comportamentos e procura aprender com os acertos e falhas dos seus colegas de profissão. Sempre foi assim. Filho de uma modista e de um empresário do ramo têxtil, o seu primeiro estudo de caso foi o comportamento de seus pais. Com eles aprendeu que era necessário produzir em massa, mas com qualidade. Com Alberto Tinga, com quem apresentou a primeira colecção no MFW, conheceu novas técnicas e abriu-se para aprender mais e mais. As viagens que faz, regularmente, pelo mundo, acrescem a sua bagagem com experiências que, espera, elevem a sua fasquia. Mas observar não basta, é necessário trabalhar mais de 8 horas por dia. É assim desde os primeiros anos. A sorte nisso é que a moda é sua paixão.
As oportunidades são sementes minúsculas, que Nivaldo segurou, esperou o momento e lançou ao solo. Deu resultado, agora ele é um estilista com dimensão internacional. Só este ano, já tem na sua agenda cerca de 10 convites para participar em eventos pelo mundo, tais como Londres Fashion Week (Inglaterra) e Benguela Fashion Week (Angola).
Por estes dias anda ocupado, atende o celular nas raras pausas entre a confecção de roupas à medida, que seus clientes exigem, e a produção das peças da sua nova colecção.
Em “Black Night”, o estilista deixa a capulana de lado, investe em tons pretos, dourados e formas. Sem se afastar das suas raízes, procura outras possibilidades de explorar a diversidade do continente.
Em “Black Night”, o estilista deixa a capulana de lado, investe em tons pretos, dourados e formas.
Falando em África, em 2018, foi eleito Melhor Young Designer de África, atribuído pela World Fashion Organization, a maior entidade regente da moda no mundo.
As estrelas tem suas manias, é certo. No entanto, Nivaldo Thierry, apesar dos vários prémios que já recebeu dentro e fora do país, quer ver a sua marca a ser consumida por vários públicos. Tem investido em acessórios como cintos, lenços, chapéus, chinelos e máscaras, que chegam a estar 100 meticais.
“Sei que é necessário diferenciar, criar linhas para públicos diferentes. Tenho pensado nisso. Procuro ter produtos que alcancem quem pode e quem apenas tem o desejo de ter”, realça.
Seu número de funcionários sobe diariamente, o que torna o seu curso de licenciatura em Gestão de Empresas e pós-graduar-se em Gestão de Projectos cada vez mais relevante.
Falar da Indústria de Moda em Moçambique ainda é utopia, no entanto, Thierry orgulha-se por engrossar a lista de estilistas que procuram cimentar os pilares da mesma. “Temos talento, diversidade apreciada pelo mundo. Muitos estão atentos a nós”, assegura.
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Edição 74 Jul/Ago | Download.
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