Keeto – Estúdio Criativo
Design local com ambições internacionais
O trabalho de design é muitas vezes invisível. Mas, quando seguramos no telemóvel, no computador, numa garrafa ou nos sentamos numa cadeira ou à mesa, está ali um objecto saído do trabalho de design.
Cláudio Mangujo, 33 anos, formado em Design, criativo, professor e o seu antigo colega de curso, René Chambal, 37 anos, quiseram ir para além do superficial e até do comercial. Fundaram Keeto – Espaço Criativo, uma marca de design moçambicano, inspirado no local, para trazer produtos com uma identidade profunda e enraizada nos hábitos e costumes dos moçambicanos, numa perspectiva sem fronteiras e contemporânea.
“Compreendemos que o design tem de responder aos problemas das pessoas, trabalhando com as pessoas. Conhecemos as culturas, conhecemo-nos através dos artefactos, os objectos que usamos. Então é importante o trabalho criativo espelhar o modo de vida das pessoas, mas que elas também participem desse processo”, afirmam Cláudio e René, complementando sempre as ideias um do outro, o que mostra a sintonia com que se torna possível Keeto – Espaço Criativo, que decidiram criar por volta de 2013.
Hoje, entre singulares e instituições, entre comerciais e não comerciais, têm nos seus espaços produtos criados por Cláudio e René através da marca Keeto. Desde cadeiras, mesas, estantes e até em projectos mais ousados como a instalação montada numa agência bancária com um design moderno, interactivo e digital. O que os apaixona no seu trabalho é desafiar as probabilidades, roçar o inimaginável, (e)levar o tradicional, o local para um patamar contemporâneo.
“Compreendemos que o design tem de responder aos problemas das pessoas, trabalhando com as pessoas”
Tem nos últimos três anos trabalhado numa linha de criação que decidiram denominar “Etno”, mas a propósito do tradicional. Do que era antes, que hoje não sendo mais usual ou funcional, pode ser resgatado com o olhar virado para as necessidades das pessoas. A mala de “xiguiane”, artefacto importante em cerimónias de lobolos, sobretudo na região sul do país, mas que já estava a cair no desuso pelo seu formato, está a dar um novo charme às famílias.
“Naquele tempo, essa mala funcionava. Mas agora já não. Víamos situações de se alugarem as malas só para o uso na cerimónia. Outras noivas aceitavam a mala tradicional na cerimónia, mas depois dispensavam-na. Ficamos atentos e pesquisamos sobre o fenómeno e chegamos a um outro conceito de mala, sem ferir o contexto histórico, mas levando-a para o actual contexto das famílias, de casais jovens em casas modernas. Conseguimos trazer um produto que responde à tradição, mas também às necessidades contemporâneas.”
Cláudio e René apontam Keeto – Estúdio Criativo como uma marca que pretende se posicionar dentro do mercado moçambicano, africano e mundial, pela criação de produtos originais, assentes na identidade local, na contemporaneidade e na metamorfose típica das sociedades actuais.
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Edição 74 Jul/Ago | Download.
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