Abílio Raimundo
Um homem feito na LAM
Encara a câmara, cruza os braços, no rosto espreita um sorriso tímido e na cabeça uma coroa esbranquiçada. O cabelo tem menos a cor do tempo vivido e mais de uma genética sinuosa que se começou a revelar aos 18 anos, o sorriso denuncia a timidez que encontramos enquanto fala, mas os braços cruzados são apenas pouse. Abílio Raimundo, 55 anos, nunca foi de cruzar os braços. “Quando me faltam ordens superiores, procuro sempre investigar mais, aprender mais da área em que estou”.
O primeiro contacto com a empresa Linhas Aéreas de Moçambique dá-se em visitas ao irmão mais velho que trabalhava na antiga Direcção de Exploração de Transporte Aéreo. Ficava assim perto dos aviões que, na Inhambane da sua infância, via apenas à altura do voo dos pássaros.“Queria muito saber como eram os aviões por dentro”. Mas mais do que estar a bordo, ajudaria a efectivar os processos que permitem a decolagem.
Foi um estágio de seis meses, depois de um curso de datilografia feito na Escola – agora Instituto – Comercial de Maputo, que o colocaria na secretaria da LAM, em 1986. Mas, ao fim do estágio, decidiu seguir ao Seminário, na Beira, para ser pastor de uma Igreja Adventista. A meio do curso, dificuldades financeiras devolvem-no ao lugar de partida. Em nome do empenho no período de estagiário, foi admitido na LAM como tarefeiro, encarregado por levar as bagagens do check in aos aviões. “Eu queria trabalhar. Não importava em que sector”. Um concurso interno levou-o de volta aos expedientes administrativos, como escriturário C. Volvidos dois anos, muda de categoria e passa a B. Seguiu carreira de escriturário até passar a administrativo na direcção de Operações, função que continua a desempenhar.
A três anos da reforma, percebe que enquanto crescia como profissional crescia também como homem. “Entrei na LAM era um menino. Agora, tenho minha casa e minha família. Sou um homem feito”. Um homem feito na LAM.
Edição 73 Maio/Jun | Download.
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