NAIMO MOGNE – “Disciplina é tudo”

“A disciplina é tudo. Não se pode abrir excepções, há um manual e temos de seguir à risca”.

Naimo Mogne, 60 anos de idade, é o tipo de profissional que se pode dar por satisfeito pela carreira.

Reformado há 11 anos, foi funcionário das Linhas Aéreas de Moçambique (LAM) desde 1981. Fez o curso de contabilidade na Escola Comercial de Maputo e foi parar na LAM através de um concurso público para tripulante de cabine, onde trabalhou apenas até 1982, tendo depois abandonado a empresa, porque a LAM estava filiada ao Clube de Maxaquene, enquanto Naimo Mogne queria continuar a jogar basquetebol pelo seu Desportivo de Maputo. Regressou à empresa em 1987 e foi afecto ao Departamento de Assistência a Bordo, mais ligado ao Catering.

Foi só em 1990 que voltou a tripulante de cabine. Mas exerceu outras funções. Foi verificador, chefe de cabine e instrutor. “Saí no topo da carreira e estou orgulhoso por tudo o que fiz”.

Voou com personalidades, com destaque para os antigos presidentes Samora Machel, Joaquim Chissano e Armando Guebuza. Mas é outra a viagem marcante. “Certa vez, foi preso um grande bandido na Beira e tinha de ser transportado para Maputo. A Polícia queria entrar para o avião armada e com o passageiro algemado. Mas os regulamentos não permitem. Tínhamos de tratar o detido como um passageiro normal. Aquilo foi uma confusão, eles tiveram de cercar o homem durante a viagem”.

Para ele, o maior segredo para se tornar um bom profissional é ser responsável e dedicado. “A disciplina é tudo. Não se pode abrir excepções, há um manual e temos de seguir à risca”.

Conselho aos novos quadros ajudantes de cabine? “Sigam as regras e se dediquem, sejam responsáveis, porque as pessoas que viajam só podem contar convosco. Mas trabalhem em equipa, estudem todos os dias”.

Casado, pai de dois filhos e avô de cinco netos, há uma certeza na vida dele. “Gosto de contabilidade, mas não trocaria a profissão (assistente e comissário de bordo) por qualquer outra”.

Edição 73 Maio/Jun | Download.