Kuando Kubango – No coração de África
Para onde quer que se olhe, a paisagem de savana a perder de vista surpreende-nos e maravilha-nos. É esta imensa vastidão que fica impressa na memória de quem chega à província do Kuando Kubango, em Angola, seja pela estrada que a liga à Huíla seja pelo caminho que vem do Bié. Por estradas e picadas, vamos descobrindo os inúmeros cursos de água que serpenteiam a província e que se espraiam nas zonas mais planas que vão encontrando, dando origem a lagoas e pântanos que se transformam em espelhos de água que reflectem um céu de azul intenso pontilhado por nuvens alvas.
O Kuando Kubango deve o seu nome a dois dos maiores rios que o cruzam, depois de nascerem nas terras altas do planalto e durante o seu percurso em direcção à bacia do Okavango, o imenso delta interior para onde escolheram correr em vez de se dirigirem para o mar.
No Sudeste de Angola, a sua segunda maior província conta com enormes riquezas inexploradas, como diamantes, ouro e cobre. Nos últimos anos, o seu imenso potencial turístico começou a ser descoberto pelas autoridades, por empresários e pelo público, que começa a aventurar-se rumo ao sul da província à descoberta das suas reservas e parques naturais que abrigam imensa e variada vida selvagem, até agora protegida da pressão das populações num território quase desabitado.
A paisagem natural e a vida selvagem ser.o os principais argumentos tur.sticos do Kuando Kubango.
Por estradas e picadas, vamos descobrindo os inÚmeros cursos de Água que serpenteiam a provÍncia.
Estima-se que os primeiros habitantes da região tenham chegado há 12 mil anos. Grupos de Khoisan vindos de zonas vizinhas por ali se instalaram e mantiveram ao longo de séculos, preservando hábitos milenares e um modo de vida bastante distinto das restantes populações de origem Bantu que mais tarde lhes vieram fazer companhia. Vivendo, ainda hoje, quase exclusivamente da caça e da recolecção tornaram-se eles próprios numa atracção para muitos dos visitantes que se deixam fascinar pela sua capacidade de resistência aos novos tempos.
Calcula-se que cerca de 12 mil Khoisans vivam actualmente em 30 comunidades locais, seguindo as mesmas regras dos seus antepassados.
Vivendo, ainda hoje, quase exclusivamente da caça e da recolecção, os Khoisans tornaram-se eles próprios numa atracção para muitos dos visitantes.
Mais tarde, no século XVII, chegaram povos Bantu que se instalaram e implantaram o seu estilo de vida. Ainda hoje, as autoridades tradicionais têm um peso significativo na vida das comunidades, com vários reis locais a orientarem os destinos das suas gentes.
A paisagem natural e a vida selvagem serão os principais argumentos turísticos do Kuando Kubango, com as reservas do Luiana (rica em madeiras preciosas como o mussivi e o girassonde, espécies únicas na África Austral) e Mavinga, o Parque Natural Regional do Cuelei e as coutadas públicas do Mukusso, de Luiana, do Luengue e de Mavinga a despertarem a atenção dos amantes da natureza. Apesar do seu potencial, nem sempre é fácil o acesso a estes locais onde vivem, por exemplo, elefantes, hipopótamos, leões, búfalos-africanos, palancas reais e pretas, os ameaçados pangolins e inúmeras espécies de aves e répteis. Para visitar estes verdadeiros santuários da vida animal, além de percorrer enormes distâncias por estradas e picadas nem sempre em bom estado, é necessário contactar as autoridades provinciais para obter as autorizações necessárias, e contar com o apoio de um guia que conheça bem a região.
▶ Como ir
A TAAG, companhia aérea angolana, faz três ligações por semana entre Maputo e Luanda. Já em Luanda, pode também viajar com a mesma companhia até ao Kuando Kubango numa viagem de cerca de uma hora de avião.
▶ Onde dormir
A cerca de 20 quilómetros do Menongue, pode hospedar-se no Rio Cuebe Lodge, um espaço com 37 luxuosas suitesdecoradas ao melhor estilo africano.
▶ Onde comer
Uma das melhores opções é o restaurante no rio Cuebe Lodge. Com esplanada virada para as águas do rio, serve pratos da cozinha tradicional angolana ou da gastronomia internacional.
▶ O que fazer
Não deixe de visitar os Parques Nacionais de Luiana e Mavinga, verdadeiros santuários da vida selvagem.
▶ Cuidados a ter
Lembre-se que para visitar alguns lugares da província, além de percorrer enormes distâncias por estradas e picadas nem sempre em bom estado, é necessário contactar as autoridades provinciais para obter as autorizações necessárias e contar com o apoio de um guia que conheça bem a região.
Edição 73 Maio/Jun | Download.
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