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Texto: Eta Matsinhe

Foto:Shutterstock

Edição 72 Mar/Abr | Download.

Bordéus, muito além do vinho

Bordéus entrou para a minha lista de lugares a ir por conta da minha paixão pelos vinhos. Entretanto, saio daqui carregada de outras memórias. Localizada no Sudoeste da França, na região da Aquitânia, Bordéus tem mais de 300 monumentos classificados e a cidade toda é património mundial da UNESCO.

Na dita nova Paris, hospedei-me bem ao lado do jardim botânico, na margem direita do rio Garrone e, para chegar ao centro histórico, atravessei a ponte Pierre de Tram. Ao passar pela ponte, num cenário quase que cinematográfico, contemplava a “place de la bourse”, localizada em frente ao maior espelho d’ água do mundo. A “place de la bourse” tem uma arquitectura simétrica e o seu reflexo sobre o espelho d’água são de um perfecionismo tremendo, mesmo em dias de céu nublado.

O Museu do Vinho é uma espécie de Disneylândia impecavelmente combinada com um laboratório científico.

Fazer um passeio pelo rio Garrone é quase que obrigatório ao visitar Bordéus

A hora do almoço a escolha foi o “Les halles de Bacalan” — um mercado com uma grande diversidade de barracas de produtos locais como frutas, legumes, carnes e também restaurantes. Enquanto caía uma chuva torrencial do lado de fora, divagava pelos corredores do mercado e descobria a gastronomia local, com os aromas do pão a sair do forno.

Depois da experiência gastronómica, segui em direção à “Cité do Vin” — Cidade do Vinho, que fica em frente ao mercado. Ao olhar para o edifício é inevitável a admiração, tem uma arquitectura moderna, marcante e única, inspirada no movimento do vinho ao encher a taça. Nos mais de 13 mil m² que compõem o Museu, a minha imersão na história e civilização do vinho, pelos 4 cantos do mundo, é feita através dos meus 5 sentidos (visão, audição, tacto, olfacto e paladar); combinada com a arte digital. Poderia dizer que isto é uma espécie de Disneylândia impecavelmente combinada com um laboratório científico para os enófilos.

A “place de la bourse” tem uma arquitectura simétrica e o seu reflexo sobre o espelho d’água são de um perfecionismo tremendo.

Porque quem vem ao Museu também quer provar vinhos, a degustação é um dos momentos memoráveis da visita. Além da variedade de vinhos vindos de quase todas as vinícolas do mundo, a sala tem uma vista privilegiada para a ponte Jacques Chaban-Delmas — a maior ponte levadiça de ascensão vertical da Europa.

Fazer um passeio pelo rio Garrone é quase que obrigatório ao visitar Bordéus. Tanto pela história como pelo simples prazer de navegar pelas suas águas e observar a cidade e as suas gentes de outro ângulo. Existem várias opções para fazer este passeio, pode ser pelos cruzeiros privados ou os catamarãs que fazem parte da rede de transporte público. A minha escolha é o catamarã que leva 40 minutos para fazer a viagem de uma ponta à outra.

A chuva em Bordéus é frequente, mas nada que me impedisse de fazer uma peregrinação por alguns museus e monumentos históricos. É impossível visitar mais de 300 monumentos em 24 horas, então deixei-me perder pelas ruas, mergulhei pelas suas portas medievais, igrejas, praças e edifícios da arquitectura elegante dos séculos 18 e 19. Segui a caminhada em direção ao Museu de Belas Artes, em busca de uma amostra da arte europeia, do renascimento a época moderna, e a cada esquina encontrei uma nova surpresa.

Na hora da partida, finalmente abre-se o céu e um lindo arco-íris fez-se sobre o rio Garrone, aproveito para deliciar-me com um “canelés” (doce típico da região). Neste momento, penso com os meus botões, com as suas particularidades e charme Bordéus é Bordéus e não a “nova Paris”.

Como ir

Pode voar directo de Maputo para Lisboa e, em seguida, apanhar um voo de conexão para Bordéus. Ou, se preferir, voar de Joanesburgo para Paris e em seguida pode fazer a conexão de voo, carro ou comboio. Sugiro que vá de comboio ou de carro para apreciar as vinícolas e outras paisagens.

Onde ficar

Poderá hospedar-se em um dos hotéis Íbis que saem mais em conta e estão em diversos pontos da cidade. Outras opções de hospedagens são os hotéis Radson Blu e Seeko’o Hôtel Design Bordeaux, que estão bem próximos à cidade do vinho e tem transporte público logo a porta.

Onde comer

Bordéus tem vários restaurantes locais com comidas deliciosas, mas a minha recomendação é passar uma refeição no “Les halles de Bacalan” e outra em restaurantes à beira do rio. Sem esquecer de pedir uma taça de vinho de Bordéus para acompanhar.  Alguns bares oferecem sessões de provas de vinho, então faça uma pesquisa que não vai se arrepender.

O que fazer

Se gosta de pedalar, fazer um passeio de bicicleta é uma boa ideia. Passear de barco também é imprescindível, o passeio custa menos de 2 € se for do catamarã público. Marcar uma aula de degustação de vinho também é super recomendável.  Parar em uma pastelaria para deliciar-se do doce “canelés”.

Cuidados a ter

Por conta da chuva, recomenda-se sempre saber do estado do tempo antes de ir. A melhor época para visitar é de Abril a Setembro.

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