Toalhas de renda
As linhas esvoaçantes
Quem percorre os batiques, as peças de madeira e as bolsas de capulana, não espera encontrar um mar branco de toalhas de crochet dentro da Feima, a Feira de Artesanato, Flores e Gastronomia de Maputo, mas a verdade é que as eternas toalhas são já um símbolo de arte.
Maria Luísa representa a artista autodidacta. Começou a fazer crochet em 1994, quando trabalhava na Praia da Costa do Sol. No início da década de 90, começou a fazer pequenas rendas e vendia-as mesmo na praia a quem passasse. Vinte e oito verões depois e a dona Maria Luísa ainda se lembra da primeira peça que bordou e o nome do cliente: “Oferecia-a ao sr. Lopes, um senhor português”.
Com o passar dos anos e com o crescer do negócio, a dona Maria Luísa arranjou um espaço na Feima e hoje, aos 47 anos, ela e o filho gerem a banca. “Eu compro as minhas linhas exactamente no mesmo sítio que comprava há vinte anos, no Xipamanine”, conta divertida. “Aprendi sozinha, mas uns estrangeiros deram-me uns catálogos que ainda hoje servem de base para s desenhos que crio”, acrescenta.
Hoje, Maria Luísa junta os detalhes bordados à icónica capulana
Feliz com o caminho que as suas linhas a fizeram percorrer, Maria Luísa conta que borda em qualquer lado: num recanto na Feima, sozinha em casa ou mesmo, no seu bairro, com as amigas. “Eu gosto tanto de bordar que acabei por ensinar a mais três vizinhas e juntamo-nos para bordar juntas”.
Embora não se saiba exactamente se foram os franceses ou os árabes que criaram a técnica do crochet, é importante reconhecer que além de criar uma peça de decoração muito bonita, também é uma ferramenta de descontracção. E da mesma forma que foi a iniciativa que fez Maria Luísa começar a bordar, hoje é a própria que junta os detalhes bordados à icónica capulana.
Edição 70 Nov/Dez | Download.
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