Yassin Amuji – “Um empreendedor não deve sempre fazer o que gosta”
Vilankulo Futebol Clube e Vilankulo TV são dois dos empreendimentos de Yassin Amuji, aos quais se acrescenta o empreendimento Vilankulo Beach Lodge como co-proprietário. Em comum, todos levantam a bandeira de uma cidade, a sua cidade. Mas há mais, da indústria de oil & gas à agricultura, os negócios são tão diversos que é impossível traçar uma linha contínua a marcar uma evolução linear, antecipar o próximo passo ou lhe adivinhar os gostos. “Um empreendedor não deve sempre fazer o que gosta” – é dele a frase, que acaba com os discursos românticos que se colam ao empreendedorismo e a instituir o faro, o sentido de oportunidade, a necessidade de diversificar utopias num país ainda com tantas áreas por explorar.
Nascido em 1982, com o ar a cheirar à pólvora das balas da guerra civil e num (ainda distrito) Vilankulo longe de ser este lugar idílico que é hoje, as carências ensinaram-lhe a dividir, o que foi uma lição para vida. Olha o mundo dos negócios como uma corda bamba, a sugerir que o equilíbrio só é alcançado quando se está de braços abertos. “Não me posso sentir a perder se um sócio puder fazer meu negócio crescer. Algumas vezes, é preciso saber dividir para ganhar mais”.
Depois de uma infância passada a ajudar os pais na mercearia familiar, foi à entrada da adolescência que teve o primeiro “negócio” em nome próprio: produção de convites e cópias de CD’s. “Não sabia que era errado na altura”, ri-se.
Por mais algum tempo ainda tomou conta do empreendimento familiar, que lhe deu a experiência necessária para caminhar pelos próprios pés. Anos depois era já dono do Vilankulo Futebol Clube, a tentar fazer um clube do campeonato nacional à imagem dos clubes dos campeonatos europeus, com autocarro próprio e cartões de crédito. “Precipitei-me”, agora reconhece, ele que sempre foi rebelde e teimoso. “Não consigo que alguém me diga que isto não é possível”. O Vilankulo FC continua no campeonato principal. Em 2019, ficou na quinta posição, a melhor de sempre, à frente de vários clubes históricos. “Quero mostrar que Vilankulo pode ser um nome de valor”, diz, o que abre espaço para uma outra etapa, a da Associação do Turismo de Vilankulo, da qual é presidente. “É preciso promovermos o nosso turismo. Não perdemos nada para os outros destinos”.
“Não me posso sentir a perder se um sócio puder fazer meu negócio crescer. Algumas vezes, é preciso saber dividir para ganhar mais”.
A conversa termina com o empreendedor de pé no jardim do Vilankulo Beach Lodge, com o mar à frente, os olhos no horizonte, como se quisesse encontrar a silhueta da ilha de Bangue, a sul de Magaruque, da qual detém a licença para explorar. Talvez a coroação para um empreendedor que sempre colocou o nome Vilankulo à frente.
Edição 67 Maio/Jun | Download.
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