Maputo, que se chamava - até 1976 - Lourenço Marques, é a capital de Moçambique. É também considerado o principal centro financeiro, corporativo e mercantil do país.
Texto: Hermenegildo Langa
Fotos: Jay Garrido, Ricardo Franco e Yassmin Forte
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Especial Indústria: Maputo
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MAPUTO – A CIDADE DAS OPORTUNIDADES
Maputo, que se chamava – até 1976 – Lourenço Marques, é a capital de Moçambique. É também considerado o principal centro financeiro, corporativo e mercantil do país.
Nas últimas décadas, vários empreendimentos têm vindo a despontar nesta cidade como é o caso da ponte Maputo-Katembe, a maior ponte suspensa de África que liga as duas margens da urbe. A instalação de diferentes indústrias alimentares nesta urbe tem merecido destaque por parte dos investidores privados. São investimentos que fazem desta cidade um destino preferencial para qualquer cidadão que pretenda iniciar seu negócio.
Aqui, as oportunidades não faltam. A par de todos esses investimentos, o agro-negócio associado às técnicas inovadoras tem merecido apetência de muitos jovens entusiastas. E são vários os exemplos disso, a empresa Fresh and Green e a Inovagri que através do sistema hidropónico, um sistema que potencia a utilização da água com o mínimo recurso financeiro e aposta numa agricultura sustentável, a mostrar o respeito pelo meio ambiente!
Quase em todas zonas periféricas da capital do país, vários jovens estão a empenhar-se em projectos ligados à agricultura voltada para a comercialização.
São inúmeros exemplos que podem ser elencados quando falamos da cidade de Maputo, a verdade é que neste ponto existe quase um pouco de tudo quanto é indústria, desde a de serviços até a transformadora.
Industrialização
A industrialização em Maputo: crescimento e desafios
Construção
750 milhões de dólares
Ponte Maputo-Catembe
Ao falar de polos industriais no país, embora a cidade da Matola esteja na dianteira ao nível de toda província de Maputo e para o resto de todo o território nacional, a cidade capital do país é também um centro a ter em conta. É neste ponto onde abundam várias empresas de prestação de serviços e transformadoras, ainda que algumas tenham perdido força com o tempo devido às adversidades.
Hoje, já pouco se fala da antiga fábrica de pneus Mabor e outras várias que não conseguiram singrar na dinâmica actual da economia do mercado moçambicano. Ainda assim, há um trabalho que está a ser feito pelo Governo e Sector Privado para revitalizar o Sector Industrial neste ponto e também em todo o território nacional.
“Estamos neste momento num processo de mapeamento para vermos o que temos quanto à nossa indústria e que acções devem ser feitas de forma a estimular os investidores para instalarem os seus negócios no território nacional”, apontou o director nacional da indústria, Sidónio dos Santos.
De acordo com Dos Santos, o plano estratégico 2016-2021 do Ministério da Indústria e Comércio (MIC) elenca 10 prioridades para o desenvolvimento e revitalização do Sector Industrial e o desafio agora é definir dentro destas, quais é que merecem mais atenção.
“A atribuição dos 10% do Orçamento do Estado para agricultura é dos exemplos das políticas adoptadas pelo Governo para fomentar o Sector Industrial. O desenvolvimento da agricultura, sobretudo o programa SUSTENTA, será crucial para fazer despontar toda cadeia”, sublinhou o director nacional da Indústria.
E para Associação Industrial de Moçambique (AIMO), o ponto de partida para revitalizar o sector, o foco é também na produtividade. “Queremos atacar o sector da produtividade e competitividade de forma a estimular a instalação de novas indústrias no país”, considera Rogério Samo Gudo, presidente da AIMO, e complementou: “mas também temos que criar condições para o país começar a produzir peças para fornecer as grandes indústrias”.
Para o efeito, Samo Gudo garantiu estar a trabalhar com diversas instituições na materialização desse objectivo. “A nível da AIMO, estamos a trabalhar com diversas instituições de modo a encontrar soluções para o fomento de diferentes indústrias no país”, explicou.
Não obstante, se algumas indústrias com o tempo foram caindo na falência, há algumas que foram surgindo como é o caso da fábrica Conforlar, em 2012, dedicada ao fabrico e comercialização de espuma, colchões de espuma, colchões de molas, camas, bases, cabeceiras, pufes, cadeiras, poltronas e sofás e da fábrica de calçado Ipanema, que existe no país há mais de duas décadas.
Orçamento do Estado
10% para a agricultura
Exportações: 63%
Alumínio, Electricidade, Minério e Gás
Investimento: 2.5 milhões de dólares
“É bom sinal para nós, pois isso demonstra que há um trabalho sério que está sendo feito pelo Governo e investidores. A tarefa do Governo agora é reduzir os aspectos burocráticos para que os investidores encontrem facilidades para investir no nosso país”, referiu Dos Santos.
À semelhança dos novos investimentos, segundo o Governo Provincial de Maputo, há também algumas antigas fábricas que faliram há mais de duas décadas, mas que agora estão no processo de revitalização.
“Temos a antiga Texlon que agora é Moztex a andar bem. Também temos a antiga Riopele, que está em actividades há mais de quatro anos e está a andar bem. A partir do ano 2018, expandiu a sua capacidade de produção”, revelou o director provincial da Indústria e Comércio de Maputo, Ernesto Mafumo.
Ainda assim, o desafio está na promoção e desenvolvimento do sector agrário para que este sirva de ponte ao surgimento de toda cadeia subsequente. E, para isso, o Governo garante já estar a trabalhar para que tal aconteça.
Ipanema, um exemplo de sucesso
Casos de Estudo: IPANEMA, Um Exemplo de Sucesso
A fábrica Ipanema é das poucas empresas antigas que conseguiu vingar no país. Com 25 anos de existência no território nacional, a Ipanema, embora seja mais conhecida no mercado moçambicano por produzir chinelos femininos e masculinos, também se dedica-se no fabrico de sapatos, carteiras e cintos.
Segundo a gestora da fábrica, Giselle Bourguignon, o segredo da sua continuidade até hoje está na inovação. “Ao longo destes 25 anos, a Ipanema tem ganho contornos cada vez mais robustos. Começámos o nosso percurso com grandes sonhos e sempre almejamos criar raízes cada vez mais profundas e foi exactamente isso que aconteceu”, explicou.
Porém, os ganhos desta fábrica não pararam por aí. “O caminho tem sido de grandes batalhas, mas hoje já contamos com a nossa fábrica própria – e sete sapatarias Ipanema em Maputo e duas sapatarias parceiras em Nampula e na Beira”, conta Bourguignon e sublinha que “para além da comercialização de sapatos, dedicamo-nos também à importação e distribuição para todo o país dos chinelos Ipanema, a mais recente aposta da empresa”.
A gestora considera que o maior desafio continua a ser a valorização do produto nacional. “Infelizmente ainda existe um grande estigma de que produtos fabricados internamente não têm qualidade. A preferência é, na sua maioria, para produtos importados. A campanha ‘Ipanema 25 anos’ foi criada com esse objectivo: mostrar que mãos moçambicanas garantem produção com elevada qualidade. Temos muito orgulho do nosso produto acabado porque (1) somos criteriosos na selecção dos nossos fornecedores para garantir sempre máxima qualidade da matéria-prima; (2) contamos com um know-how profundo adquirido pela experiência prática da nossa mão-de-obra – alguns dos nossos colaboradores têm 25 anos de trabalho – e (3) colocamos muito amor em cada etapa do nosso processo produtivo”, concluiu a gestora.
Casos de Estudo:
Investimento: 2.5 milhões de dólares
Investidos na Moztex
Moztex: antiga Texlon volta a ganhar vida
A fábrica Texlon faz parte do grupo das empresas que com o tempo não conseguiram resistir às adversidades da economia moçambicana. Nos anos 60, esta e outras fábricas do ramo têxtil eram responsáveis por absorver mais de dois mil trabalhadores, a sua falência colocou milhares de moçambicanos no desemprego.
Passadas mais de cinco décadas em total estagnação, a fábrica voltou a ganhar vida, ostentando nova designação e novos investidores. Com o nome Moztex, a empresa continua voltada para serviços têxteis.
Actualmente, a unidade industrial Moztex pertence a Rede Aga Khan para o Desenvolvimento e exporta diversas peças de vestuário “Made in Mozambique” para os EUA.
De acordo com a Rede Aga Khan, a Moztex está a ser financiada através dos serviços de promoção dos investimentos na indústria que a fundação dispõe nas suas áreas de actuação. “Esse mecanismo visa revitalizar algumas indústrias para que contribuam na criação de emprego”, explicou o grupo.
Segundo a Rede Aga Khan, para (re)iniciar a actividade da Moztex, foram investidos inicialmente cerca de 2,5 milhões de dólares. Em 2010, a empresa começou a exportar peças de vestuário para a África do Sul. Actualmente, os destinos dos produtos desta empresa são dos mais variados e distantes, como é o caso dos EUA.
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