O uso da moeda digital no país veio revolucionar as transacções e impulsionar o processo de inclusão financeira. Numa altura em que várias instituições bancárias são constantemente desafiadas a expandir os seus serviços, a realidade é evidente, a avaliar pelo número dos usuários das plataformas electrónicas de transacções financeiras: o w está na dianteira.
Entre 2010 e 2019, segundo o Banco de Moçambique, o número de subscritores de serviços financeiros móveis cresceu 16 vezes, situando-se a actualmente em 7 milhões. Segundo a FSD Moçambique, instituição que promove a inclusão e literacia financeiras, até 2019 cerca de quatro milhões da população adulta, o que corresponde a 29%, possuíam uma con ta móvel. Destes, 97% transacciona nesta plataforma para comprar recargas e pagar serviços. A mesma fonte indica que 72% dos adultos assalariados usam o dinheiro móvel em comparação com 37% dos trabalhadores no auto-emprego, 29% dos dependentes, 26% dos empregados informais e 16% dos agricultores.
Amélia Tivane é dona de uma pequena banca de rebuçados, bolachas e outros produtos, na famosa Praça da OMM, em Maputo. Tem também no local uma placa em letras garrafais que anuncia que é agente do M-Pesa (um serviço da operadora móvel Vodacom Moçambique). Segundo ela, há várias pessoas que solicitam esses serviços na sua banca. “Não tenho em mente o número de pessoas que vem fazer os seus movimentos aqui, mas posso dizer que são muitas”, revela a entrevistada que garante, “não passa um dia e nem duas horas sem ter vindo alguém a precisar de levantar ou fazer um depósito”.
Em todos os cantos do país, existem pontos de pro- vedores dos serviços de transacção da moeda digital. Valdino Mubai, oriundo da província de Manica, aponta o impacto da moeda electrónica em sua vida: “Minha família usa o M-Pesa para me enviar o valor para custear os meus estudos e a minha estadia cá.” A avaliar pela sua rápida expansão, há quem diga que estas plataformas vieram mudar o modus vivendi da população. Os meios digitais mudaram a postura da banca, levando-a a reinventar-se a todo momento e encontrar nessas plataformas um verdadeiro aliado. Os bancos viram-se assim impelidos a apostar em canais digitais para alcançar um número ainda maior de clientes e facultar as suas transacções em cola- boração com instituições como o M-Pesa, mKesh e e-Mola. É nesse prisma que os bancos comerciais desenvolveram mecanismos para acompanhar a evolu- ção e expansão da moeda digital no país, oferecendo serviços como o pagamento de água, luz, TV e mais. Com apenas alguns “clicks”, os usuários acedem a vários serviços sem sequer sair de casa, evitando filas e entre outros constrangimentos.
“Estas soluções inovadoras desempenham um papel relevante, sobretudo para travar a propagação da COVID-19, reduzindo a exposição dos clientes nas agências bancárias, por exemplo”, defende o administrador delegado do BancABC, Tawanda Munaiwa, que falava durante a assinatura do memorando de entendimento entre aquela instituição e a operadora de telefonia Movitel. O uso de moedas electrónicas no país foi introduzido pela carteira de moeda electrónica, M-Kesh, em 2011. Em 2012, surgiu o M-Pesa e, mais recentemen- te, o e-Mola. Segundo o relatório de demonstrações financeiras da Vodacom referente ao primeiro semestre do ano em curso, o M-pesa movimentou por mês cerca de 34 mil milhões de meticais através dos seus 4,1 milhões de clientes activos a nível nacional.
Texto: Hermenegildo Langa
Foto: Jay Garrido
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