É uma corrida em contra-relógio, o tempo ficou cada vez mais apertado – a pandemia desorganizou tudo, excepto a ambição dos atletas. De- pois da paragem dos treinos de preparação rumo aos Jogos Olímpicos de Tóquio em Abril de 2021, à conta do primeiro decreto do Estado de Emergência devido ao novo Coronavírus, os atletas retomaram em Junho último os seus trabalhos. Afinal, trata-se de uma competição de alto rendimento, mas, agora, também de alto risco.
O regresso da actividade desportiva em Moçambique, sobretudo dos atletas de alta competição, foi autorizado pelo Presidente da República, Filipe Nyusi, em Maio, no quadro do abrandamento das medidas do Estado de Emergência, que recomendava o treino individual em ambientes fechados e evitar o contacto físico.
Os atletas afirmam não ser fácil trabalhar nestes termos, a avaliar pelos cuidados que são obrigados a ter; porém, o foco é atingir o nível que permitir-lhes-á competir em igual ritmo com os demais atletas em Tóquio. São atletas das modalidades de vela e canoagem, boxe, voleibol de praia, judo, taekwondo, atletismo e natação que esperam representar o país nos próximos Jogos Olímpicos de Tóquio 2021, sendo que cinco atletas – três de vela e canoagem e duas de boxe – já foram apuradas. Dois meses após a retoma dos treinos, os atletas estão confiantes de que é possível alcançarem os objectivos outrora traçados. “Queremos competir em igual nível com outros atletas em Tóquio e trazer medalhas para Moçambique”, afirma Maria Machava, atleta de vela. Sem se opor, as velejadoras Deyse Nhaquile e Denise Parruque sustentam: “Neste momento, os treinos têm sido minuciosos para que a nossa participação traga bons resultados. Estamos a treinar muito e a dar o nosso máximo”. Lucas Sinoia, treinador da pugilista Rady Gramane, já apurada, acredita igualmente que, com a retoma dos trabalhos de preparação, os objecti- vos inicialmente traçados ficam também relançados. No entanto, Lucas Sinoia considera que o défice na logística poderá comprometer os planos, visto que, até aqui, os trabalhos estão a decorrer com o esforço pessoal dos atletas. “Ainda não recebemos nenhum apoio, estamos a trabalhar a custo próprio”, revela.
Para já, o Comité Olímpico de Moçambique garante ter criado todas as condições de biossegurança. Segundo o secretário-geral, Penalva César, estão criadas também condições para que todas as federações garantam que o seu pessoal seja transportado de forma segura.
Até aqui, não se sabe ao certo quanto vai ser investido para a presença dos atletas nacionais nos Jogos Olímpicos de Tóquio, no que se refere à logística desde os treinos até à última fase das competições. Porém, a novidade é que o Comité Olímpico de Moçambique atribuiu, recentemente, bolsas olímpicas a três atletas com o objectivo de garantir o melhoramento dos trabalhos de preparação rumo a Tóquio. Segundo o Comité Olímpico, com estas bolsas de solidariedade olímpica, os atletas abrangidos vão receber uma quantia de 750 dólares mensais ao longo de um ano.
Texto: Hermenegildo Langa
Foto: Ricardo Franco
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